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Tiago Camilo em pé com judogui e faixa preta em pé no tatame da academia

Judô na competição

  • 19 de setembro de 2020

Sensei Jigoro Kano sempre foi muito cuidadoso ao incluir o judô no âmbito competitivo. É importante falarmos sobre isso porque ele temia que sua arte tomasse um caminho diferente do havia sido idealizado, o da formação humana. Dizem que, ao assistir à primeira competição, comentou tristemente que não haviam entendido a verdadeira essência do judô. Kano percebeu isso já em sua época, mas, pelo desenrolar da história, não conseguiu alterar a consequência da pressão social e política que sofreu para transformar o judô em esporte competitivo. Esse desejo de competição, desde aqueles tempos, assim como hoje, vem do desejo do ser humano em usar as medalhas e as pseudovitórias como meio ilusório para compensar o sentimento de inferioridade que carregamos em nossa essência. O ”ganhar a qualquer custo” sempre preocupou Kano Sensei.

A competição tem o valor para estimular o indivíduo a se exercitar, superar meus medos e limites, aprender a colaborar e a trabalhar em equipe, mas infelizmente esse desejo de vencer a qualquer custo usando a força e meios não éticos passa a ser determinante para alcançar a felicidade e o sucesso. Isso vem acontecendo com a maioria dos competidores, basta ver como reagem quando perdem. Essa é uma atitude péssima e acaba sendo muito ruim para o desenvolvimento espiritual do cidadão.

O judô foi incluído pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio, o primeiro a ser realizado na Ásia. As Olimpíadas deram oportunidade ao Japão de mostrar ao Ocidente que o país agora era uma nação reformada e pacífica e, ao mesmo tempo, que servia como exemplo de superação, modernidade e inspiração para todo o continente asiático. Um dos momentos mais emocionantes dos Jogos Olímpicos de 1964 foi quando o jovem Yoshinori Sakai, de 19 anos, adentrou o estádio carregando a tocha olímpica. Sakai nasceu em Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945, exatamente no dia em que os americanos jogaram a bomba atômica sobre sua cidade.

O judô esteve ausente dos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México, mas voltou na edição seguinte, em Munique, em 1972, sendo disputado até os dias atuais. Tenho sido questionado por várias pessoas de diversos setores quanto ao sentido e à possibilidade de o judô ser introduzido nos Jogos Olímpicos. Minha opinião sobre o assunto é um tanto passiva. Se esse for o desejo dos membros de outros países, não tenho objeção, mas não se sinto inclinado a tomar nenhuma iniciativa, por um único motivo: o judô, na realidade, não é um mero esporte ou jogo. Eu o considero um princípio de vida, de arte e ciência.” (Jigoro Kano).